segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Tecnologia e Educação no Tempo/Espaço.


Folheando a obra de Primo (2008, p.51-68) “Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder”, é possível imaginar como a tecnologia tem transformado a educação. No decorrer da história os professores mais antigos testemunharam as mudanças consequentes de uma tecnologia cada vez mais acelerada e eficiente. Do quadro negro (que as vezes era verde) e do giz de calcário retirado das rochas sedimentares, a tecnologia nos transportou até a lousa digital e ao ensino à distância. Já vai longe o tempo em que precisávamos de um mimeografo à álcool para imprimir uma atividade, hoje os computadores de última geração nos permitem enviar os trabalhos via internet.

Alex Primo retrata o que ele chama de “os três períodos do desenvolvimento tecnológico” citados por Lemos (2002), fazendo uma análise dos avanços tecnológicos através da história. Ao se utilizar de metáforas para explicar a história, Lemos (2002) nos remete também à nossa própria história dentro da educação brasileira, com nossas metáforas (quadro negro, giz, mimeógrafo, máquina de escrever, computador, impressora, lousa digital, etc.) uma trajetória que nos leva a identificar cada período e como essa evolução foi possível, transformando nosso espaço e otimizando nosso tempo.

>>>>>>  Texto em construção  <<<<<<<<<<<<<<<

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

LÍQUIDO OU SÓLIDO: Eis a questão.


Pequena reflexão sobre a obra de Zygmunt Burman. "A Modernidade Líquida" (2001).
Por: Bruno Guivares Filho


Entender a obra de Zygmunt Bauman (2001) nos causa a impressão de compreender como se molda a própria vida. O título do livro “A modernidade líquida”, revela a distinção que existe entre uma situação “líquida” e a “sólida”. Enquanto o líquido procura e adapta-se a uma determinada forma, o sólido continua em sua forma rígida.

Traçando novos caminhos, os fluidos são facilmente conduzidos, passando em qualquer obstáculo que o permita passar. Ao tentarmos segurá-lo, o líquido insiste em escapar e escorrer entre os dedos, livre e escorregadio. sempre que encontra um espaço vazio procura preenchê-lo, transformando assim, uma situação, não de forma permanente, mas até que consiga novamente buscar novos espaços.

Sendo a história testemunha da competição que disputam os líquidos e os sólidos, pôde vislumbrar a transformação moderna, que buscou o aperfeiçoamento, ou seja, exterminar os sólidos defeituosos e criar sólidos mais perfeitos. Os tempos modernos chegaram e encontram uma situação pré-moderna com um avançado derretimento dos sólidos. A humanidade então precisou fazer algo para tornar mais resistente o estado sólido, algo que se pudesse confiar para torna-lo “administrável”.

O alvo dessa transformação, a princípio, seriam as lealdades tradicionais. Para poder construir o novo, seria necessário desatar as amarras que impediam a concretização de um conjunto mais sólido e resistente.

O estudo de Bauman (2001) nos remete ao “tempo/espaço”, de um mundo que não existe mais, onde os vizinhos viviam em harmonia, e o convívio amigável foi algo comum nas comunidades. Sempre podemos achar que esse mundo ainda é possível, que o ser humano de repente deixe de ser “sólido” e opte por ser “líquido”, adentrando nas situações possíveis de serem transformadas, não de forma concreta, mas tomando forma como o líquido, escorregando por entre os dedos das dificuldades, encontrando a harmonia necessária.

A ideia de viver em comunidade, também está baseada na condição de ser “líquido” ou “sólido”. Essa condição é que determina o convívio harmônico, onde o ser possa ser “líquido” e fazer parte da transformação ou ser “sólido” e atuar resistente em suas ações, impassível de mudanças.

Atualmente as cidades foram transformadas em um amontoado de pessoas estranhas umas às outras, que nunca passaram por um processo de fluidez, não experimentaram o poder da transformação quando foi necessário, nunca foram o “líquido” que se adapta a novos espaços e busca novas formas.

A insegurança nos coloca em situação de avançado estado de separação, uns dos outros. Bauman lembra uma antiga recomendação dos pais e avós ao orientar os filhos e netos: para não falar com estranhos, manter sempre distância de quem não conhece, como se todos os seres humanos pudessem fazer mal. Essa contínua fuga do outro, torna as pessoas mais distantes e incomunicáveis, vivendo em um mundo onde o espaço torna-se um bloco “sólido”, sem tolerâncias amigáveis.

Há uma ligeira compreensão de que podemos aumentar o espaço quando inserimos aí mais tecnologia, máquinas velozes, levando ao aumento do tempo. Determinadas ações nos fazem “ganhar tempo”, e até eliminá-lo. As grandes riquezas estão aliadas atualmente à implantação de altas tecnologias.

O espaço virtual tem, cada vez mais, ganhado admiração global. Desde o início do século XXI essa possibilidade de deslocamento tem sido cada vez mais ampliada. As redes sociais e os grandes meios de comunicação nos levam a qualquer lugar a qualquer tempo. A internet e os softwares mais poderosos nos auxiliam nas tarefas mais difíceis e distantes.
A capacidade de ser “líquido” e levar a vida com fluidez passa por quem se sentir na liberdade de transformação, partir para novas decisões, moldar seus espaços, poder fazer os movimentos precisos no tempo e no espaço. O ser “sólido” não tem a esperança de novas transformações, suas ações são delineadas pela sua forma concreta, de difícil acesso, em um mundo que necessita de maior fluidez.

Referência bibliográfica:
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001

Informações sobre o autor:
Professor de Geografia do IF Sertão-PE. Mestrando em Educação pela UFBA.