terça-feira, 14 de março de 2017

Entre analfabytes e alfabytizados

Se antes ser analfabeto representava falta de estudo e até discriminação entre as pessoas, hoje o mundo gira em torno de tecnologias que nos levam a ser, muitas vezes, autodidatas, não das letras do alfabeto ou das palavras escritas, mas da linguagem aplicada nos dispositivos eletrônicos.
Para as crianças não é mais necessário as cansativas “carteiras” escolares para aprender o ABC da atualidade, desde muito cedo são levadas a manusear os mais diversos equipamentos disponíveis tornando-se assim “alfabytizados”. (RIBEIRO, 2009, p. 24). Esses avanços nos trazem as mudanças de hábito que Bonilla e Sabillón sustentam como “surgimento da tecnologia digital”, que nos leva a compartilhar da evolução desse processo em constante transformação. Assim pegamos carona nessas novas “[...] práticas sociais, que são determinadas pelas necessidades geradas pelo ambiente que o indivíduo desenvolve.” (BONILLA e SABILLÓN, 2016).
A nível de Brasil essas mudanças esbarram, muitas vezes, em falta de estrutura para nossas crianças e até adultos usufruírem dessas tecnologias. Para BONILLA e PRETO (2015, p. 504) “[...] a implantação dessas políticas públicas não supera a visão esquizofrênica de poder que tem caracterizado a política brasileira.”. Assim, muitos ainda continuam na situação de “analfabytes” (RIBEIRO, 2009).

Referências:
BONILLA, M. H. S. e PRETO N. D. L. Política educativa e cultura digital: entre práticas escolares e práticas sociais. In: PERSPECTIVA, Florianópolis, v.33, n.2, p. 499-521, mai./ago. 2015.
RIBEIRO, Ana Elisa. Letramento Digital: Um Tema em Gêneros Efêmeros. In: Revista da ABRALIN, v.8, n.1, p. 15-38, jan./jun. 2009.
SABILLÓN, C. M. e BONILLA, M. H. S. Letramento Digital: una nueva perspectiva conceptual. 2009. Disponível em: http://senid.upf.br/images/pdf/151349.pdf.

terça-feira, 7 de março de 2017

OS NOVOS LEITORES

Foto: Noite de Autógrafos, primeiro livro de Bruna - Autor: Bruno Guivares




Muitas mudanças têm acontecido em razão do avanço tecnológico. O ato de escrever e o perfil dos leitores também tem acompanhado essa interatividade com o novo. O ato de lê vai além das páginas de um livro feito em papel, agora se pode carregar uma biblioteca inteira na memória do tablet ou outros dispositivos eletrônicos. Para SANTAELLA (2004) essa linha do tempo no ato de lê pode testemunhar as mudanças que ela denomina de “o contemplativo, o movente e o imersivo”. Aquele que atravessou a “idade pré-industrial” e utilizava apenas o livro impresso com imagens fixas; aquele que leu o mundo em movimento, que passou por uma realidade mais dinâmica, descendente da Revolução Industrial, que acompanhou o surgimento das grandes metrópoles e por fim o homem pós-moderno, advindo dos ciberespaços, também chamados de espaços virtuais, respectivamente.
Essa sequência que avança no ato de lê da humanidade encontra o ambiente ideal nas chamadas ciências cognitivas, ao que SANTAELLA (2004) chama de “interdisciplinaridade”, ou seja, o estudo sem fronteiras da mente, do cérebro, do pensamento e da consciência, levando a um novo leitor, Assim as comparações que levaram à percepção das ciências cognitivas, também observadas nos computadores, trazem à tona a inteligência artificial.

Referência:
SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.